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Combustíveis Fósseis Representarão 60% da Energia em África até 2040
Painel de discussão, patrocinado pela FAMAR na conferência Angola Oil & Gas, explorou a valorização da cadeia de valor em Angola, desde o crude ao comércio
Temos novas regras que precisam de ser implementadas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, em conformidade com as políticas de combate às mudanças climáticas
Até 2040, até 60% da matriz energética africana será movida a combustíveis fósseis, observou Anibor Kragha, Secretário Executivo da Associação Africana de Refinadores e Distribuidores, num painel de discussão patrocinado pela FAMAR, durante a conferência Angola Oil & Gas (AOG), na quinta-feira. Isto, segundo o responsável, sublinha a necessidade fundamental de se investir com mais intensidade em infraestruturas a jusante.
Embora estejam a ser feitos esforços para reduzir as importações de petróleo, Kragha apresentou três recomendações para expandir as infraestruturas a jusante, fortalecer o comércio regional e reforçar a segurança energética.
“A primeira é a regulamentação coordenada, harmonizada e regional – é essencial fazê-lo. Se não tivermos regulamentações harmonizadas, não teremos mercados harmonizados. Em segundo lugar, é preciso ter preços e produtos baseados no mercado. Por fim, é necessário focar nas infraestruturas para minimizar os riscos na cadeia de abastecimento. Utilizamos camiões, mas deveríamos estar a usar caminhos de ferro, optimizar portos, entre outros,” indicou.
Por seu turno, Orlando Chongo, Director de Cobertura para o Oceano Índico e África Lusófona do Banco de Desenvolvimento do Comércio, salientou a necessidade de melhorar o acesso ao financiamento para os intervenientes a jusante. Embora existam planos para fortalecer a capacidade de infraestruturas, é necessário tornar o capital mais acessível.
Entretanto, em Angola, o regulador nacional está a implementar políticas de apoio para apoiar as empresas que procuram investimentos no mercado a jusante. Luís Fernandes, Director-Geral do IRDP, indicou que “hoje o quadro regulatório permite que todos aqueles que queiram estar no mercado possam participar. Temos novas regras que precisam de ser implementadas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, em conformidade com as políticas de combate às mudanças climáticas. Temos um quadro legal que apoia as empresas a atingirem este objectivo.”
Para a petrolífera nacional, Sonangol, a expansão da infraestrutura a jusante é uma prioridade. A empresa está a privilegiar investimentos em refinarias, distribuição e infraestruturas portuárias para fortalecer o comércio regional. Três novos projectos de refinação estão, actualmente, em construção: o projecto de Cabinda, com capacidade para 60.000 barris por dia (bpd) – que entrará em operação este ano; a Refinaria do Soyo com capacidade para 100.000 bpd; e a Refinaria do Lobito com capacidade para 200.000 bpd.
Outros projectos incluem o Terminal Oceânico da Barra do Dande. De acordo com Mauro Graça, CEO da Sonangol Distribuição e Marketing, “este terminal não só nos permitirá ser autossuficientes em termos de capacidade de armazenamento, como também permitirá cumprir as nossas reservas estratégicas. Com este investimento, não estamos apenas a pensar em Angola, mas também na região. Com a refinaria de Cabinda, precisaremos de mais capacidade de armazenamento e de exportação. Estamos a investir em 24.000 metros cúbicos de capacidade adicional de armazenamento. Também temos um projecto para criar uma linha marítima, para que navios maiores possam operar em Cabinda.”
O foco de Angola no fortalecimento da logística portuária será essencial para impulsionar as exportações – tanto a nível regional como internacional. Sara Silva, Gestora de Conformidade Legal na FAMAR, destacou que o transporte marítimo é essencial para o comércio global.
“Tem-se mostrado a forma mais económica de transporte, permitindo o envio de grandes volumes de carga e reduzindo o custo por unidade transportada. Para além de garantir a oportunidade de ligar mercados, conectando África ao mundo,” sustentou.
Já no sector retalhista, estão em curso esforços para aumentar o número de estações de serviço em todo o país. Óscar Sequesseque, Director Comercial da Pumangol, partilhou que a empresa está focada em acelerar a capacidade de armazenamento de combustível em território angolano. Desta forma, Angola visa melhorar o acesso a produtos de combustível acessíveis e de origem local.
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