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Angola Quer Atingir 60% de Eletrificação até 2025 através de expansão das Renováveis (Por Verner Ayukegba)

Angola pretende aumentar a energia criada a partir de fontes renováveis e atrair maior investimento estrangeiro directo da UE e de instituições financeiras internacionais

Angola está unicamente posicionada expandir o papel já consolidado setor hidroelétrico, com estimativas indicar que apenas 5% das 47 grandes bacias do país estão a ser utilizadas

DAKAR, Senegal, 20 de abril 2022/APO Group/ --

Por Verner Ayukegba, Vice-Presidente Sênior da Câmara Africana de Energia

O governo angolano tem reiterado o seu compromisso em expandir a participação de fontes renováveis na matriz energética do país, com o objetivo de aumentar a utilização de fontes de energia renováveis para 70% em 2025. A matriz energética atual do país é dominada pela energia hidroelétrica (56%), mas também inclui energia gerada a partir de gás natural (12%). À medida que o país procura aumentar o investimento e o desenvolvimento dentro do setor da energia sustentável, o governo salientou o papel que instituições financeiras e parceiros globais podem ter em ajudar na condução da transição do país.  

Angola está unicamente posicionada para expandir o papel do já consolidado setor hidroelétrico, com estimativas a indicar que apenas 5% das 47 grandes bacias do país estão a ser utilizadas. Mas energia hidroelétrica não é apenas a única fonte de energia renovável que este país do sul de África está ativamente a promover. Várias áreas em Angola beneficiam de condições eólicas particularmente favoráveis. Por exemplo, a velocidade dos ventos nas serras do sul e da região centro de Angola estão estimadas numa média de 4,5 metros por segundo, o que é ideal para a instalação de uma grande rede de parques eólicos e turbinas de vários tamanhos. Além disso, a área de frente à costa atlântica também beneficia de fortes ventos e está projetada para ter o potencial de gerar mais de 3,9 GW de energia eólica. Neste sentido, e com o  objetivo de impulsionar o desenvolvimento de projetos de energias renováveis, Angola está a procurar noutros continentes como a Europa, que é o lar de várias empresas com vasta experiência na execução de projetos eólicos bem sucedidos e que podem servir como parceiros ideais para Angola. Entre eles estão a fabricante dinamarquesa Vestas Wind Systems; a empresa elétrica espanhola, Iberdrola; a empresa espanhola de energia renovável, Siemens Gamesa; e a produtora independente austríaca de energia RP Global, entre outras.  

Vale a pena sublinhar que a larga dimensão da energia hídrica em Angola, assim como o seu potencial em renováveis faz do país um destino importante em termos de hidrogénio verde, que é tido em várias regiões como uma fonte preferencial de energia para o futuro. Por esta razão, a empresa estatal de petróleo Sonangol começou a explorar a possibilidade de produzir hidrogénio verde em Angola em conjunto com parceiros alemães. O governo alemão, assim como toda a União Europeia (UE), está muito interessado em diversificar as suas necessidades energéticas para longe do gás russo, e como resultado, estão prestes a intensificar a colaboração focada no hidrogénio verde em desenvolvimento em Angola.

Além de ter empresas com um histórico de sucesso em energia renovável, a Europa é também um parceiro de escolha na atração de investimentos para financiar projetos de energia renovável em Angola. Alguns dos maiores investidores em projetos de energia eólica, solar, e em águas profundas incluem o Green Investment Group, em Edimburgo (Reino Unido); Copenhagen Infrastructure Partners (Dinamarca); Qualitas Equity (Espanha); Fontavis (Suíça); Scatec (Noruega); Eiffel Investment Group (França); Finerge (Portugal); Ventient Energy (Reino Unido); Wirtgen Invest (Alemanha) e, RP Global (Áustria). Estes investidores serão críticos para Angola à medida que o país intensifica os desenvolvimentos em energia verde.

Ao mesmo tempo, a UE organizou a Iniciativa da Energia Verde África-UE, cujo objetivo é auxiliar os esforços de descarbonização de Angola como parte do programa de cooperação Global Europe 2021-2027. Através desta iniciativa, a UE está a mobilizar fundos e assitência técnica a uma gama de organizações financeiras internacionais como o European Investment Bank. O objetivo da iniciativa é expandir ainda mais a infraestrutura energética como redes eléctricas e interconexões.

Contudo, a Europa não é a única potencial fonte de investimento para o setor de energia renovável de Angola. Em 2021, a empresa de energia solar, Power Africa, em parceria com o African Development Bank (AfDB), chegaram a um acordo com Angola para acelerar a eletrificação em todo o país para poder responder à crescente procura. Vários setores no país, incluindo o de telecomunicações, manufactura e mineração, estão prontos para terem um acesso de qualidade à eletricidade e reduzirem o uso de geradores a diesel, e instituições como a Power Africa e o AfDB têm um papel a cumprir.  

Para além disso, Angola está a olhar para a energia solar para responder à procura doméstica e impulsionar a transição energética, e empresas internacionais já estão a impulsionar esses desenvolvimentos. De nota, em 2021, a empresa americana de energias renováveis, Sun Africa, investiu €524 milhões em Angola com o propósito de construir o maior projeto fotovoltaico no país. O projeto compreende sete parques solares com uma capacidade total de geração de 370MW para três províncias, Lunde Sul e Moxico, ambas no leste de Angola, e Lunde Norte no nordeste. Com a empresa portuguesa, MCA, responsável pela construção, o projeto será importante em posicionar Angola como uma economia renovável. Nesse sentido, assim como o país se movimenta para a exploração dos seus recursos renováveis, empresas e instituições financeiras internacionais, assim como parceiros globais, terão um papel importante.

Para garantir que quantidades significativas de energia gerada cheguem efectivamente aos consumidores e mercados de forma acessível e de confiança, há ainda a necessidade de investimentos significativos em redes nacionais de transmissão e até mesmo criar novas redes regionais. Nisso há oportunidades para investidores, à medida que o governo continua a dar prioridade a investimento em infraestrutura numa tentativa de impulsionar investimentos de capital e a diversificação da economia, que necessita de energia barata e fiável.

Estas e muitas outras oportunidades estarão em destaque na edição deste ano da Angola Oil and Gas (AOG), marcada para os dias 29 e 30 de Novembro e 1 de Dezembro de 2022. A AOG 2022 é a conferência oficial do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, e reunirá a indústria do petróleo e gás do país, assim como investidores globais e empresas de serviços interessados em Angola. 

Distribuído pelo Grupo APO para Energy Capital & Power.