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O Programa de Regeneração da Sonangol Irá Preparar a Indústria do Petróleo e Gás de Angola para o Futuro (Por Verner Ayukegba)

A implementação do Programa de Regeneração da Sonangol irá posicionar esta empresa estatal da África Austral como uma empresa de energia competitiva e lucrativa

A Sonangol procura desenvolver as suas próprias capacidades para operar os seus ativos preferidos a todos os níveis, com o objetivo de produzir pelo menos 10% da produção nacional

LUANDA, Angola, 14 de março 2022/APO Group/ --

Por Verner Ayukegba, Vice-Presidente Sênior da Câmara Africana de Energia

Apesar do recente aumento do preço do petróleo como resultado do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, grandes empresas no setor global de petróleo e gás continuarão a promover mudanças significativas nos seus modelos de negócio para assegurar a sua sobrevivência e o seu lucro. Mudanças no ambiente operacional global, incluindo a transição energética, a mudança nos padrões de consumo, a mudança para outras fontes de energia, o foco em alcançar o estatuto de Net-Zero e em mudanças tecnológicas torna imperativo para as empresas de petróleo e gás revisitarem os mesmos modelos de negócio que as tornaram grandes potências que geram milhares de milhões de dólares em receitas e lucros para acionistas. Grandes empresas internacionais de petróleo já iniciaram este processo, incluindo a Totalenergies e a Equinor, que chegaram ao ponto de mudarem o seu branding, numa aposta para se posicionarem como fornecedores de soluções energéticas, em vez de apenas empresas de petróleo e gás.

No caso das empresas nacionais como a Sonangol, essas receitas serviram como a base para gastos governamentais mais altos em todos os setores, crescimento e prosperidade. Tais gastos levaram a Angola do pós-guerra a tornar-se uma das economias mais prósperas de África em termos de PIB per capita, o qual era semelhante à média sub-saariana em 2000, e quase triplicou em 2014, quando comparada com outros países africanos.

É, portanto, compreensível que todo o governo de Angola veja a reestruturação da sua empresa nacional Sonangol, após múltiplas crises do setor petrolífero desde 2014, como crítica para o bem-estar de toda a sua economia, dada a importância do papel que a empresa tem na economia nacional. Vale a pena ressaltar, que a reestruturação da Sonangol é apenas uma parte de uma agenda mais ampla de reformas para toda a economia angolana, a qual o governo sob a orientação de S.E. Presidente João Lourenço, iniciou, inclui a privatização de múltiplas entidades governamentais, a reforma do setor bancário, a reforma do mercado de trabalho, o fortalecimento das tentativas de diversificar a economia angolana, a priorização da agricultura, e a liberalização das leis de conteúdo local.

Desde o início do plano de regeneração em Novembro de 2018, a Sonangol tem visto mudanças sísmicas na forma como conduz negócios. O principal objetivo do programa, é reorientar a Sonangol para segmentos centrais do petróleo e gás, tornando-a mais competitiva e robusta, enquanto ao mesmo tempo inicia o processo de exploração de outros negócios energéticos como as renováveis, assim como mais recentemente o hidrogénio. O posicionamento do vetereno do setor do petróleo e gás, Sebastião Gaspar Martins, como líder da empresa, destinou-se a produzir uma liderança firme, num momento em que a empresa assim como o setor petrolífero global está sem sombra de dúvidas a passar por grandes mudanças. Os princípios centrais do programa de reestruturação incluem;

Separação da Função de Concessionária e transferência para a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis

Isto libertou a Sonangol da função reguladora do setor, trazendo a tão necessária transparência no relacionamento entre a Sonangol e as outras operadoras no país. O resultado disso já pode ser visto na rápida aprovação de planos de trabalho da nova concessionária, a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis de Angola (ANPG), que levaram a descobertas bem-sucedidas e a desenvolvimentos de campos por parte de empresas petrolíferas como a Totalenergies e a ENI. 

Desenvolver a capacidade da Sonangol como um operador upstream de classe mundial

Ceder o papel de concessionária, também proporcionou à Sonangol os recursos necessários e o foco para conduzir uma revisão do portfólio, que levou a vários ativos serem tidos como periféricos, alguns dos quais que produzem petróleo, a serem postos à venda. Incluindo: Blocos 06/15, 31, 18, 3/05, 27, 23, e 4/02. A Sonangol recebeu várias ofertas e o processo de decisão sobre as melhores ofertas ainda continua. É bem provável que o setor em Angola veja novas empresas a entrar em 2022, com o compromisso de desenvolver esses blocos, que representam uma tremenda oportunidade numa bacia petrolífera já aprovada, trabalhada e testada.

Em sintonia com as iniciativas de otimização do portfólio, a Sonangol procura desenvolver as suas próprias capacidades para operar os seus ativos preferidos a todos os níveis, com o objetivo de produzir pelo menos 10% da produção nacional. Passos iniciais nessa direção incluem a aquisição competitiva de áreas de exploração onshore durante o leilão promovido pela ANPG no ano passado.

Adoção de um novo modelo organizacional

O novo modelo organizacional tem a função de facilitar a transição da Sonangol. Este reduziu os departamentos da empresa de 21 para 12, divididos sob cinco unidades centrais de negócios e uma empresa Holding que mantém ativos periféricos até à sua eliminação gradual do grupo Sonangol. Isso reduziu custos com pessoal, aumentou a transparência, e reduziu a burocracia corporativa.

Reestruturação Financeira

No final, o objetivo da reestruturação é levar a Sonangol de volta ao lucro de longo prazo, de forma a tornar-se novamente a base para impulsos positivos na economia angolana ao invés do peso em que pareceu ter-se tornado nos anos que se seguiram à crise do petróleo. Apesar de ter reportado USD 4,1 mil milhões logo após a pandemia global da covid-19, o colapso da procura por petróleo e a quebra de preços temporária no mercado petrolífero, a Sonangol, sem sombra de dúvidas, fez progressos. A grande perda é também devido à realização de perdas que foram feitas em anos anteriores mas não registadas como tais. A venda de ativos periféricos, através do programa estatal PROPRIV, é esperada que renda milhares de milhões de dólares que, se espera, venham apoiar a conclusão bem-sucedida do programa de reestruturação.

Aumentar a criação de valor em Angola

Numa tentativa de aumentar a criação de valor em Angola, a reestruturação da Sonangol ofereceu uma oportunidade única para se dedicar à remodelação da refinaria de Luanda, assim como aumentar a capacidade de refinamento e da indústria de petroquímicos no país através da construção de uma nova refinaria. Diversos projetos de refinarias já estão em desenvolvimento, incluindo no Lobito e em Cabinda. Estes não só aumentarão a criação de valor em Angola, mas irão levantar a pressão sobre as reservas de moedas utilizadas na importação de produtos refinados, assim como tornarão Angola num grande fornecedor de produtos refinados para países vizinhos na região.

Evoluir do petróleo e gás para ser uma empresa de energia

Alinhado com os parceiros da indústria, a Sonangol está a posicionar-se como uma fornecedora de soluções energéticas completa que vão além do petróleo e gás. O gás, que tradicionalmente recebe um papel limitado em Angola, está a ganhar proeminência com a adoção de um plano para o gás. A nova Sonangol tem colocado os recursos necessários para desenvolver um negócio de gás que não somente olha para como explorar petróleo e gás, mas também como comercializar gás para alimentar outras oportunidades.

Em parceria com outras empresas petrolíferas internacionais como a ENI e a Totalenergies, a Sonangol está a investir em projetos solares em Angola. Esta tendência provavelmente irá continuar.

Devido aos sucessos iniciais do programa de regeneração, é possível que a Sonangol continue na direção atual, numa aposta de assegurar estabilidade e produzir a base para o tão desejado lançamento em bolsas internacionais. O CEO, Sebastião Gaspar Martins, tem indicado planos para colocar 30% da empresa numa bolsa com reputação internacional. Essas declarações foram também reforçadas pelo Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, S.E. Diamantino Azevedo, que declarou que, “o programa da OPA faz parte da estratégia de longo-prazo da Iniciativa de Regeneração da empresa petrolífera nacional.

Esses e outros tópicos sobre o setor petrolífero de Angola e sobre a Sonangol estarão no centro do debate na edição deste ano da Angola Oil and Gas, programada para 29 e 30 de Novembro e 1 de Dezembro de 2022. A Angola Oil and Gas 2022 é a conferência oficial do Ministério de Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, e irá aproximar stakeholders da indústria de petróleo e gás de Angola, assim como investidores globais e empresas de serviços interessadas em oportunidades em Angola.

Distribuído pelo Grupo APO para Energy Capital & Power.